O procurador Deltan Dallagnol sugeriu o uso de recursos da Vara Federal de Curitiba para custear um vídeo anticorrupção que seria veiculado na Globo, segundo vazamentos de mensagens feitos pelo site The Intercept Brasil em parceria com Reinaldo Azevedo feitos nesta segunda-feira (15).
Em 16 de janeiro de 2016, Deltan escreve ao então juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a seguinte mensagem:
“Vc acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas 10 medidas, que será veiculado na globo?? A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns 38 mil. Se achar ruim em algum aspecto, há alternativas que estamos avaliando, como crowdfunding e cotização entre as pessoas envolvidas na campanha.”
Em seguida, ele encaminha o roteiro e o orçamento do vídeo, notando que ainda poderia haver alteração.
“Avalie de modo absolutamente livre e se achar que pode de qq modo arranhar a imagem da LJ de alguma forma”, aponta Deltan.
No dia seguinte, 17 de janeiro de 2016, Moro responde: “Se for so uns 38 mil achi [“acho”] que é possível. Deixe ver na terça e te respondo…. “.
Pelas mensagens até agora, não fica claro qual foi a resposta dada por Moro, quais recursos são esses e como eles poderiam ser direcionados pelo então juiz.
O roteiro do suposto comercial, anexado em PDF, inclui um homem de terno e gravata que invade uma “família de classe média” para jogar fora comidas e remédios, rasgar e rabiscar livros infantis e em seguida engatilha um revólver na frente de um casal que permanece dormindo.
A campanha das 10 medidas contra a corrupção foi elaborada pelo Ministério Público Federal, apoiada por atores da Lava Jato como Sergio Moro e levada ao Congresso em 2017.
Desde então, se converteu em projetos de lei. alguns dos quais estão em avanço (como a criminalização do caixa dois) enquanto outros estão parados ou foram considerados inconstitucionais.
Desde o início dos vazamentos das mensagens há pouco mais de um mês, tanto Deltan quanto Moro tem se negado a garantir a sua autenticidade ao mesmo tempo em que insistem que elas não revelam nenhuma irregularidade.
Fonte: MSN
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