O empresário Marcelo Odebrecht acusou a Braskem, petroquímica da qual a Odebrecht é sócia, de mentir, omitir e manipular informações em seus depoimentos no acordos de delação e de leniência para proteger executivos que não queriam aparecer como criminosos.
Em uma troca de e-mails com a empresa, Marcelo pede que a petroquímica faça uma retificação no acordo e conte que, ao contrário do afirmado pela Braskem, as doações ao PT nas eleições de 2010 e 2014 foram legais, e não caixa 2. Segundo Marcelo, em alguns casos houve o que ele chama de "caixa 3" — fornecedores doando em nome da empreiteira. Os pedidos de Marcelo à petroquímica foram divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso aos e-mails trocados.
O empresário afirma que a petroquímica também omitiu o pagamento de propina para dirigentes do MDB para que a empresa conseguisse comprar energia mais barata da hidrelétrica Chesf.
O ex-presidente da Odebrecht afirma nas mensagens que Newton de Souza e o advogado Maurício Ferro, ex-dirigentes da Braskem, manipularam os emails da petroquímica para que eles não aparecessem como criminosos.
De acordo com Marcelo, Maurício Ferro, que é seu cunhado, colocou diversos e-mails, entre eles os que tratavam de ilegalidades, como correspondência entre advogado e cliente, que são protegidas por sigilo.
Segundo a reportagem, Marcelo afirmou a executivos da Odebrecht que não age por vingança, mas por acreditar que acordos têm de ser levados a sério e que as empresas não podem esconder nada quando assumem o compromisso de delatar.
Ele disse também que não se conforma de ter que cumprir uma pena de dez anos enquanto outros executivos que teriam cometidos crimes, e não aderiram ao acordo, não passaram um dia na prisão. Ele cita Souza e Ferro como integrantes desse grupo num dos emails.
Ao jornal Folha de S.Paulo, a Braskem afirmou que o teor dos acordos foi “resultado de investigações internas independentes realizadas por escritórios americanos de primeira linha" e que foram acompanhadas por seu conselho de administração, Ministério Público Federal, pelo Departamento de Justiça americano e pelo Securities and Exchange Commission (equivalente no Brasil à CVM, Comissão de Valores Mobiliários).
"Todos os fatos apurados nessas investigações, inclusive por meio dos relatos originais dos colaboradores pessoas físicas, foram incorporados aos acordos”, afirma.
Fonte: Conjur
COMMENTS